Não há como contar a história da DEVITO, sem que conheçamos a história do refrigerante no Brasil.
Pois bem. Os primeiros refrigerantes começaram a surgir no fim do século 19, nos Estados Unidos, numa época em que se confundiam as propriedades medicinais das fontes de águas minerais com as recentes invenções de Joseph Priestley (1767) e John Mathews (1832). Priestley criou um meio de produzir água gaseificada artificialmente, a soda. Mathews, por sua vez, desenvolveu o que ficaria conhecido como soda fountain, um aparato que produzia água com gás de forma simples, diretamente no balcão da farmácia. Acreditava-se que a água gaseificada tinha propriedades terapêuticas e por isso ela era recomendada para diversos tipos de tratamento, de simples cólicas à poliomielite.
Em pouco tempo, passou-se a se encontrar fontes de soda instaladas em farmácias por todos os Estados Unidos. Não se sabe exatamente quem foi o primeiro a colocar substâncias adoçantes e corantes na água gasosa, mas certamente isso aconteceu numa farmácia, onde as misturas eram feitas e vendidas como tônicos. As primeiras experiências foram feitas com xarope de limão, a soda limonada. Imediatamente depois vieram as misturas com morango, noz-de-cola – um fruto africano parente do cacau, rico em cafeína, conhecido no Brasil como orobô – e ginger-ale, feito de gengibre. Nessa época, eles ainda não tinham o nome de refrigerantes e eram chamados de xaropes gasosos. Mas, vendidos a 1 centavo de dólar, já eram um sucesso.
Mas sair das drogarias e chegar sãos, salvos e borbulhantes à casa do consumidor era uma tarefa impossível para os refrigerantes. O limitador, nesses primeiros tempos, era a embalagem. Apesar de o primeiro xarope engarrafado datar de 1835, antes da invenção da máquina para moldar vidro (obra do americano Michael Owen, em 1904), as garrafas eram sopradas artesanalmente e variavam na forma e tamanho, dificultando o transporte e o empilhamento. Outra dificuldade era a vedação das garrafas. Das rolhas com arame (similares às de champanhe) às tampas Hutchinson, que seguravam a pressão de dentro para fora, os progressos foram tímidos e os acidentes em depósitos, constantes, transformando o estoque de refrigerantes numa atividade barulhenta (e dispendiosa).
A revolução que levou definitivamente o refrigerante para dentro das casas das pessoas foi a tampinha coroa, inventada em 1892 pelo americano William Painter. A rolha metálica recoberta de cortiça (posteriormente trocada pelo plástico) era perfeita para conter a pressão do líquido gasoso. Daí por diante, os xaropes continuariam sendo vendidos nos balcões, mas o caminho até a mesa do almoço de domingo estava definitivamente aberto.
Os Refrigerantes Devito
No Brasil, a moda das fontes de soda não pegou e a indústria partiu direto para o engarrafamento. Ocorre que os equipamentos, no início, eram precários para gaseificar água e mais ainda para produtos com açúcar, que necessitam de temperaturas de operação mais baixas e pressões maiores. As tampas coroa ainda não haviam chegado ao Brasil, de modo que as tampas Hutchinson, que seguravam a pressão de dentro para a fora, eram as únicas opções da indústria naquele momento. O clima no Brasil também não ajudava para a fabricação de refrigerantes. Mas o sucesso da bebida era tanto que alternativas começaram a surgir, até que um médico de Resende, no Rio de Janeiro, descobriu que uma frutinha vermelha e tipicamente brasileira, o guaraná, dava um tremendo xarope, o que ocorreu em 1905. É exatamente nesse momento que começa a história de DEVITO em solo brasileiro.
A bordo do navio “Minas”, procedente da cidade de Gênova, na Itália, no dia 22 de Julho de 1901, desembarcava no Brasil a família DEVITO. O seu patriarca, Liberato Devito, com 26 anos de idade, acompanhado de sua esposa e o filho, Pedro Devito, à época com 4 (quatro) anos de idade, pretendiam, assim como milhares de imigrantes italianos daquela época, prosperar em terras brasileiras. A crise italiana e a idéia de que o Novo Mundo poderia oferecer uma vida melhor, motivaram muitos cidadãos a migrarem.
No entanto, a precariedade das condições de trabalho e o alto endividamento contraído com o latifundiário que financiava a passagem de vinda, tornou o imigrante italiano Liberato subalterno, sem nenhuma perspectiva de crescimento. O filho Pedro, vendo essa situação, começou a imaginar novas oportunidades de negócios. Foi quando se deparou com a novidade que acabara de chegar ao Brasil, vinda diretamente das farmácias norte-americanas, os refrigerantes. A fim de se aproximar daquela novidade, Pedro acabou por empregar-se numa das primeiras fábricas de refrigerantes do país, na região de Taquaritinga, interior de São Paulo, onde permaneceu por longo período. Pedro entrou como charreteiro, fazendo as entregas das bebidas, mas devido à sua perspicácia e avidez em aprender o novo oficio, não demorou muito para ser promovido à área de produção, transformando-se mais tarde em encarregado do setor.
Paralelamente ao seu ofício na fábrica de refrigerantes, Pedro enxerga a possibilidade de fabricar a própria cachaça e distribuí-la na região de Itajobi. E o faz, com duas marcas: Tietê e Bella Joana. Porém, o grande sonho de Pedro era de ter a sua própria fábrica de gasosa, daí porque com o tempo passou a construir, aos poucos, em suas folgas, as suas próprias máquinas. Não demora muito e Pedro resolve então comprar o seu próprio estabelecimento e lá instalar as suas máquinas de fabricar refrigerantes, ocasião em que resolve sair do emprego e se mudar para a cidade de Catanduva – SP e fundar, em 1923, a "Fábrica de Gasosa Devito".
As dificuldades naquele tempo não eram poucos. As precárias condições da infra-estrutura de estradas e ferrovias brasileiras e as dificuldades logísticas mantinham a empresa refém de sua própria região, não permitindo muitos avanços. A demanda crescente, mas limitada geograficamente, fez com que os refrigerantes DEVITO concentrassem a sua área de atuação apenas em torno da cidade de Catanduva/SP. Até os anos 60, alguns processos ainda eram manuais. As máquinas de Pedro Devito possuíam pedais mecânicos, para colocar as tampinhas nas garrafas, e os rótulos eram colocados com cola de maisena. Se engarrafar era difícil, imagine distribuir. Na época, o setor de logística não passava de um estábulo com burros e carroças. Sem estradas que comportassem caminhões, a empresa usava animais para o transporte de seus produtos. Um roteiro de entrega de 300 quilômetros, muitas vezes, era cumprido somente depois de vários dias de viagem.
Muitos dos maquinários de Pedro Devito foram reconstruídos e se encontram expostos na sede da empresa. As fórmulas dos primeiros sabores de refrigerantes fabricados pelas máquinas de Pedro Devito, tais como o guaraná e a Soda Limonada, foram passadas de geração em geração e permanecem intactas até hoje, apenas adaptadas para se adequar melhor às mudanças da linha de produção.
Gerações se sucederam, e o negócio e a marca DEVITO permaneceram vivos na memória de todos. Vários foram os colegas, fornecedores, prestadores de serviços e, principalmente, colaboradores que presenciaram a história de perseverança, dedicação, amor, carinho e suor que consolidaram com o tempo o crescimento de uma marca que, mais do que tudo, leva com orgulho o nome de Catanduva, Itajobi e região afora. Atualmente, a empresa se encontra estrategicamente sediada no Distrito Industrial Agudo Romão, na saída do município de Catanduva/SP, às margens da Rodovia Washington Luís. Totalmente remodelada, a nova “Refrigerantes Devito Ltda.” hoje é 100% automatizada, com equipamentos tecnológicos de última geração, incluindo o tratamento e controle de qualidade e de efluentes industriais.
